A obra de Dan Coopey investiga como a tecelagem ocupa um lugar central na formação do mundo moderno: seja como alicerce da arquitetura ou enquanto prenúncio da cerâmica; como instrumento de medição ou unidade de cobrança de impostos; como objeto do capitalismo e do comércio. Frequentemente ondulantes e amorfas, suas esculturas parodiam o cesto como recipiente, explorando as formas arcaicas oferecidas pela natureza e reelaboradas pela sociedade pós-industrial. Em outras peças, o artista alude à ideia do receptáculo por meio do gesto de dobrar e envolver. Seu interesse recai sobre a trajetória da embalagem — desde o trançado até o advento do papelão e do plástico —, fazendo de cada trabalho uma evocação das primeiras narrativas da humanidade e, ao mesmo tempo, um lembrete da relevância do fazer manual no mundo contemporâneo.
Cada uma de suas esculturas pode levar meses para ser concluída, período no qual a trama se torna uma extensão de seu corpo, de modo que as torções e as curvas marcadas na peça refletem o vaivém da produção. Todas as formas retornam, em última instância, à figura do criador: os têxteis assemelham-se à pele e o corpo torna-se parte do ambiente ao redor. O artista nunca premedita a forma final; pelo contrário, as obras surgem organicamente de um processo íntimo e intuitivo. Anni Albers escreveu sobre dar ao objeto a chance de se desenhar a si mesmo, e Coopey pensa de modo semelhante sobre suas esculturas: elas se formam sozinhas.
Dan Coopey nasceu em 1981 em Stroud, Reino Unido, centro da antiga indústria de tecelagem do país, onde sua família trabalhava nos moinhos de lã locais. Mudou-se para o Brasil em 2019 e atualmente vive e trabalha em Gonçalves, Minas Gerais. É graduado em Belas Artes pela Goldsmiths, University of London (2004) e participou de várias residências artísticas importantes, incluindo: Organizmo (Bogotá, 2023), Fibra (Bogotá, 2018), Pivô (São Paulo, 2017) e Acme Fire Station (Londres, 2012–2015). Entre suas exposições individuais recentes estão: Satellites, Corvi-Mora (Londres, 2025); The Double, Central Galeria (São Paulo, 2023); Brunches at Wonderwerk, Espaço C.A.M.A (São Paulo, 2021); Sunday, Galeria Estação (São Paulo, 2019); Dry, Kubikgallery (Porto, 2017); e lalahalaha, Belmacz (Londres, 2015). Também participou de exposições coletivas como: Fartura, Luisa Strina (São Paulo, 2025); Olha bem as montanhas, Quadra (São Paulo, 2024); The Immortal, Elizabeth Xi Bauer Gallery (Londres, 2022); Beuys Open Source, Belmacz (Londres, 2021); Mingei Now, Sokyo Gallery (Quioto, 2019); The Peaceful Dome, The Bluecoat (Liverpool, 2017); e Neither, Mendes Wood DM (Bruxelas, 2017).