Alfredo Jaar (Santiago, Chile, 1956) é artista, arquiteto e cineasta. Sua produção perpassa linguagens como instalação, fotografia, vídeo, poesia, intervenção urbana e projetos públicos, com obras que colocam em foco crises humanitárias, desigualdades globais, apagamentos históricos e o papel da mídia na construção das narrativas contemporâneas. Trabalhando a partir do que chama de “conhecimento responsável”, Jaar desenvolve projetos densamente embasados em pesquisa e profundamente comprometidos com os contextos em que se insere.
Formado em arquitetura, o artista iniciou sua trajetória sob a repressão da ditadura chilena, experiência que marcou de forma definitiva sua geração e sua visão de mundo. Diante da censura institucionalizada, optou por seguir criando, buscando fissuras no sistema e desenvolvendo modos de expressão críticos, mesmo diante do risco constante. Para Jaar, fazer arte era uma forma de resistir.
Na década de 1980, já estabelecido em Nova York, passou a aplicar metodologias da arquitetura à arte, defendendo que, antes de qualquer ação, é preciso compreender profundamente o lugar e as condições de atuação. Essa postura levou-o a se definir como um “artista de projetos”, cujo trabalho parte da ideia — e não de uma técnica específica — para, então, buscar sua forma de expressão mais adequada. Ao longo dos anos, seu vocabulário artístico se ampliou por meio de colaborações com especialistas das mais diversas áreas, adaptando-se à complexidade de cada assunto tratado.
A crítica à “política das imagens” — tanto pela omissão quanto pelo excesso — é central em sua trajetória, marcada ainda pelo ativismo dentro do próprio sistema da arte. Para Jaar, a arte só é relevante quando atravessada por uma consciência crítica de seu tempo e disposta a agir no mundo. Além da denúncia, seu trabalho também propõe visibilidade e escuta. Em suas palavras, ao se deparar com tragédias silenciadas, é necessário escolher entre ignorar ou se posicionar. Mesmo ciente das contradições e riscos envolvidos, o artista opta por agir, assumindo o erro como possibilidade ética.
O trabalho de Jaar foi mostrado extensivamente ao redor do mundo. Participou das Bienais de Veneza (1986, 2007, 2009, 2013) e São Paulo (1987, 1989, 2010, 2021), bem como da Documenta de Kassel (1987, 2002).
Exposições individuais recentes incluem: KINDL, Berlim, Alemanha (2024), Museum of Contemporary Art, Hiroshima, Japão (2023), Sesc Pompeia, São Paulo, Brasil (2021), Zeitz MOCAA, Cidade do Cabo, África do Sul (2020); Yorkshire Sculpture Park, Reino Unido (2017); KIASMA, Helsinque, Finlândia (2014).
Uma grande retrospectiva de seu trabalho aconteceu em 2012 em três instituições em Berlim: Berlinische Galerie, Alte Nationalgalerie e Neue Gesellschaft für Bildende Kunst. Em 2014 o Museum of Contemporary Art Kiasma, Helsinque, organizou a mais extensiva retrospectiva de sua carreira.
Realizou mais de setenta intervenções públicas ao redor do mundo. Mais de oitenta publicações monográficas foram dedicadas à sua obra. Tornou-se Guggenheim Fellow em 1985 e MacArthur Fellow em 2000. Recebeu o Prêmio de Arte de Hiroshima em 2018 e o Prêmio Hasselblad em 2020. Em 2024, foi agraciado com o IV Prêmio Mediterrâneo Albert Camus. Em 2025 foi selecionado como o vencedor da Medalha Edward MacDowell.
Sua obra integra acervos de instituições como The Museum of Modern Art e Guggenheim Museum (Nova York); Art Institute of Chicago e Museum of Contemporary Art (Chicago); MOCA e LACMA (Los Angeles); MASP, Museu de Arte de São Paulo; TATE (Londres); Centre Georges Pompidou (Paris); Nationalgalerie (Berlim); Stedelijk Museum (Amsterdã); Centro Reina Sofía (Madri); Moderna Museet (Estocolmo); MAXXI e MACRO (Roma); Louisiana Museum of Modern Art (Humlebaek); Hiroshima City Museum of Contemporary Art e Tokushima Modern Art Museum (Japão); M+ (Hong Kong); além de dezenas de outras instituições e coleções particulares ao redor do mundo.