Nascida e criada no subúrbio carioca, Panmela Castro (Rio de Janeiro, Brasil, 1981) iniciou sua carreira como pichadora e logo passou a explorar o corpo feminino marginalizado como linguagem crítica em relação ao espaço urbano, desenvolvendo performances e obras a partir de experiências pessoais e da partilha afetiva com outras mulheres. Seu trabalho transita por linguagens como vídeo, fotografia, pintura e objeto, com forte viés político e social, voltado à denúncia do machismo, da violência de gênero e das desigualdades estruturais.

 

Sua produção está profundamente ligada à realidade brasileira, às histórias de vida de mulheres comuns e à luta por justiça social. Um exemplo é o projeto Retratos Relatos, iniciado em 2019 a partir dos relatos de violência e superação enviados a ela por mulheres de todo o país. Esses testemunhos foram transformados em obras visuais que criam espaços de escuta, acolhimento e superação. Trabalhando com o conceito de deriva afetiva, ela permite que o acaso, o encontro e a escuta definam o rumo de sua prática, recusando a rigidez de uma arte temática e propondo uma produção aberta à vida. Para ela, a arte tem o poder de transformar a cultura, promover direitos e imaginar futuros mais justos. Como mulher negra, periférica e feminista, reivindica espaços de representação nas grandes coleções e instituições como parte fundamental do processo de descolonização da história da arte. Sua atuação associa sensibilização estética, ação política e transformação social.

 

Articulando arte e ativismo, ela criou, em 2010, a Rede NAMI, uma ONG que utiliza a arte urbana e a educação para promover os direitos das mulheres e combater a violência de gênero. Por meio de oficinas, exposições, publicações e ações sociais, a NAMI já impactou milhares de pessoas, especialmente jovens mulheres negras das periferias urbanas. Ela é também uma das principais vozes na preservação da memória de Marielle Franco, ativista negra e vereadora assassinada no Rio de Janeiro, em 2018.

 

Exposições individuais incluem: Direito ao Afeto, Pavilhão Victor Brecheret, Rio de Janeiro, Brasil (2025); Retratos Relatos, Sesc Centro, Curitiba, Brasil (2025); Ideias Radicais Sobre o Amor, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, Brasil (2024); Do Jardim, Um Oceano, Galeria Francisco Fino, Lisboa, Portugal (2024); Retratos Relatos: subvertendo a dor, Sesc Santa Rita, Paraty, Brasil (2023); Deriva Afetiva: Dakar, Inclusartiz Institute, Rio de Janeiro, Brasil (2023); Retratos Relatos, Vila Cultural Cora Coralina (VCCC), Goiânia, Brasil (2022); Retratos Relatos, Museu da República, Rio de Janeiro, Brasil (2021).

 

Exposições coletivas incluem: Crivo, Casa Bradesco, São Paulo, Brasil (2025); Rua, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro (2020); Ocupação Lavra, Centro de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2020); Aparelho, Maus Hábitos, Porto (2019); Exposição Grau 360, Museu da República, Rio de Janeiro (2019); Palavras Somam, Museu de Arte Brasileira da FAAP, São Paulo (2019); Street Type, Caixa Cultural DF, Brasília (2018); Frestas Trienal de Artes, Sesc Sorocaba, Sorocaba (2017); Urban Nation Museum Permanent Collection, Urban Nation Museum, Berlim (2017); Synopsis of an Urban Menoir, Andrew Freedman Complex, Nova York, EUA (2016); Vinil Vandals, C’mon Everybody, Nova York, EUA (2016).

 

Entre as coleções que possuem seu trabalho estão: Museu de Arte do Rio (MAR), Museu da República, Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (FUNARJ), Espaço Furnas Cultural, Furnas Centrais Elétricas, no Rio de Janeiro; Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAB FAAP, Museu de Arte Brasileira Armando Álvares Penteado, em São Paulo; The United Nations Art Collection, ONU Mulheres, Museu da Câmara dos Deputados, em Brasília; Institute of Contemporary Art MIAMI (ICA), EUA; Stedelijk Museum, Amsterdam, Holanda; IDB Art Collection - Inter-American Development Bank (IDB) - Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Urban Nation Museum, Berlim, Alemanha.

 

A artista foi indicada ao Prêmio Select Arte Educação, e ao Prêmio Pipa em 2020. Figurou na lista ‘The Next Generation of Activists Making a Difference’, W Magazine, em 2016; foi nomeada ‘Young Global Leader’, no World Economic Forum, Davos, Suíça, em 2013; recebeu o DVF Award, The Diller - Von Furstenberg Family Foundation, Nova Iorque, EUA; e fez parte da lista ‘150 Women That Are Shaking The World’, Newsweek Magazine, em 2012.