A produção de Tonico Lemos Auad, nascido em Belém do Pará em 1968, concentra-se nas investigações entre o espaço, a materialidade e seus modos de fazer. Dentro de sua discussão sobre as propriedades físicas dos materiais, o têxtil tem ganhado cada vez mais ênfase, abordando uma série de métodos e técnicas — bordado, tear, tricô e crochê —; combinando ora o trabalho manual, ora o mecânico. Suas obras têxteis combinam materiais distintos como o linho, a seda e a lã, preenchendo a superfície através de uma inesperada operação do fio. As imagens resultantes desse processo oscilam entre a abstração e a figuração, muitas vezes sugerindo paisagens, barcos ou figuras folclóricas que evocam sua infância em Belém do Pará. Em Bandeirinhas (2022), o artista rearranja o caminho da tecelagem para constituir pequenos núcleos elementares acima do linho, percebidos apenas através da trama, sem distinção tonal. Nesta composição, a cor, por sua vez, atravessa a superfície do quadro em eixos verticais. É preciso aproximar-se do trabalho para compreender do que de fato se trata a operação, pois daquilo que se espera obter neutralidade, resulta o cerne: as bandeirinhas são formadas pelo entrelaçamento e pelo ritmo adquirido pelo fio.