Jorge Macchi nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1963. Tem sua formação em belas artes, recebendo o título de Professor Nacional de Pintura. Com abordagens neoconceituais, o artista orquestra um trânsito por diversas mídias e suportes., tais quais desenhos, aquarelas, textos, instalações, esculturas, músicas, vídeos, fotografias, colagens, trabalhos com luz, recortes, livros de artista, gravuras, projetos de arquitetura e paisagismo e, por último, mas não menos importante, a pintura. As leituras críticas de sua obra destacam aspectos fundamentais, sintetizados através de construções poéticas-visuais que desafiam a percepção do observador. A pintura detém, entre tantas condições, a natureza de um permanente jogo entre o observador e o campo da visão subjetiva. Dessa forma, o artista transpõe a dualidade da superfície plana para o aspecto tridimensional. Utiliza-se de códigos visuais combinando enigmas e anedotas, que se complementam com as experiências de mundo e do cotidiano que possui o observador. Assim, Macchi desenvolve alternâncias visuais entre o sentido aparente, pretendido ou imediato absorvido entre as diversas camadas poéticas da obra. Criador de paradoxos, o artista os fundamenta a partir da relação entre o espaço e seus planos confinantes: sua destruição estará sempre, de alguma forma, no horizonte, muitas vezes com sua geometria ortogonal posta em xeque. A potencial transformação espacial através de seus planos é uma constante em suas obras. Nas obras Avión e Google Map, Jorge Macchi expõe os obstáculos impostos pelo espaço, entre os limites da arquitetura e da geometria, os quais seguem sendo visivelmente desafiados pelas suas fixações nas paredes. Compostas pelo material que advém do instrumento de cordas percussivo – o piano —, símbolo da música erudita ocidental, Macchi cria uma espécie de crítica ao mesmo tempo fria e bem-humorada, baseada na cumplicidade silenciosa do observador, em uma utilidade inesperada. Já a obra Google Map, à primeira vista, pode parecer frágil, mas a qualidade técnica de seu trabalho revela-se absolutamente impetuosa. Um ponto de fixação na parede segura um plano aberto, perpendicular e oblíquo, com rasuras que, subjetivamente, formam esquinas e vielas, remetendo também a um passado analógico da pesquisa de localização. Macchi faz residir aqui uma determinada sátira frente ao maior centro de informações do mundo contemporâneo das últimas décadas – o Google.