Enivo, série Afluência Sobre a Série Afluência: O interesse de Panmela Castro pela pintura intersecciona as questões relativas à performance e à vida. Em seu trabalho, a imagem criada sobre a tela é resultado de experiências vividas entre a artista e o modelo no período de tempo em que estão juntos, sendo sua plástica influenciada pelo humor, o cansaço, euforia, conversa, limitação de espaço, material e tudo mais que pode haver neste período de tempo. Dentre as séries mais conhecidas estão as Vigílias e Residências, onde a primeira acontece em noites que se veem juntos, ora mas recatados, ora regados a bebida e música dentre outras coisas, enquanto na segunda a artista vive com a pessoa, em sua casa ou cidade. Em sua produção, Panmela Castro é enfática em pontuar que não se interessa por representações da vida, mas sim da pintura como vestígio de experiências em conjunto. Por essa negativa da prática da artista, pode-se haver estranhamento em identificar a afluência do modelo e seu retrato em situações que nunca existiram. Porém, não se deixe enganar: a série Afluência trata do desejo, da saudade, trata de experiências ainda não vividas, talvez impossíveis ou improváveis. Recorrente na produção da artista, a série Afluência trata da busca incessante por afeto, resultante do trauma de experiências de rejeição atravessadas pelo machismo, racismo e colonialismo. Afluência é um ritual de cura dos desejos inviabilizados. Sobre Enivo e a Série de Amantes de Panmela Castro: Nesta série de pinturas de seus amantes, a artista transfere seu impulso sexual para o gestual de criação da pintura, como memória erótica e de vida das noites passadas juntos. Enivo foi retratado várias vezes por Panmela Castro por ser um companheiro de anos, sempre solícito e gentil, pronto para apoiá-la no que fosse necessário.