Em sua prática, Mario García Torres (1975, Monclova, México) examina, sobretudo, a relevância duradoura do conceitualismo. Utiliza filme, fotografia, projeção de slides, som, texto e vídeo para criar duelos entre o real e o fictício que desafiam os pressupostos tidos como universais. Através da construção de cenas imaginadas, García Torres nos leva para a reflexão acerca da natureza contingente das narrativas sustentadas como absolutas na história da arte. Apropriações, reconstituições e atuações sobrepõem-se a registros históricos e levam o observador ao campo da subjetividade, da limitação, da memória e da percepção. A obra faz parte de um conjunto atribuído ao artista N. Date (nome que remete, ainda, a “no date”, ou “sem data’; dado que reforça ainda mais o sentido de indeterminação buscado por Mario García Torres neste projeto), personagem fictício criado por Mario García Torres e que teria vivido no México na década de 1980. O conjunto de obras produzido por N. Date inclui desenhos, fotografias, esculturas e obras têxteis que combinam um interesse pela estética da arte concreta com as qualidades místicas e espirituais dos artefatos pré-colombianos. A imagem quase abstrata que ilustra a tapeçaria em lã reproduz o desenho da molécula da psilocibina, substância psicotrópica encontrada em cogumelos e utilizada há mais de 3.000 anos em rituais xamãnicos por culturas ancestrais mexicanas. Nesta série de trabalhos, Mario García Torres permite que o espectador participe de uma história imaginada acerca da percepção da obra, construindo conexões ora entre conceito, composição, fato ou ficção.