Os trabalhos da série inédita AA, de 2024, resultam do desenvolvimento das pesquisas de Bruno Baptistelli (1985, São Paulo) a respeito da potência do escuro como linguagem, cuja primeira apresentação ocorreu em março de 2023, na sua individual 4000 D.C., na Luisa Strina. Dispondo de conceitos psicanalíticos em sua prática, o artista insinua alfabetos e textos por meio de variações sutis nos tons deixados pelo carvão e pela tinta acrílica preta sobre a tela. Em AA, a investigação se volta para as bases de construção da linguagem, como a cadência rítmica e sonora do balbuciar de bebês. Assim, as variações entre os dípticos da série sugerem que a posição das seções brilhantes ou foscas das pinturas comunicam sons e sílabas diferentes. A série estabelece uma comunicação de lógica interna e não necessariamente objetiva, cujo significado depende de um contexto particular inatingível. Por meio dessas operações da arte conceitual, se constrói um vocabulário que alude aos significados estéticos, linguísticos, sociais e políticos do escuro.