Desde os anos 1990, Laura Lima (Governador Valadares, Brasil, 1971) desenvolve uma obra radical e inclassificável, cuja força poética reside na utilização do corpo vivo — humano, animal ou vegetal — como matéria artística. Fugindo de categorizações convencionais como "performance" ou "instalação", sua prática propõe situações sensoriais e imprevisíveis, nas quais o público, o tempo e o espaço operam como partes constituintes da obra.

 

Suas obras envolvem corpos em ação, tarefas específicas, vestimentas, objetos e ambientes arquitetônicos, e recusam a documentação como substituto da experiência direta. Para a artista, a imagem fotográfica ou em vídeo só tem sentido quando construída como obra em si, jamais como registro.  Tendo a "carnalidade" como ponto de partida e potência de invenção, ela está interessada em relações sociais complexas, comportamentos cotidianos e no limiar entre arte e vida. Seus trabalhos não tratam da representação, mas da presença. Ela é criadora de um vocabulário próprio, baseado na materialidade do corpo, na efemeridade e na elaboração de procedimentos rigorosos que se desdobram em experimentações poéticas e filosóficas. Cada peça é acompanhada de um modus operandi detalhado, uma espécie de partitura que orienta sua execução futura sem permitir desvios — reforçando a crença na arte como sistema autônomo de regras e ficções.

 

Ao longo de sua carreira, a artista tem contribuído para ampliar o glossário da arte contemporânea com propostas que exigem do participante uma escuta radical e uma experiência que não se reduz à imagem. Profundamente consciente da história da arte, seu corpo de trabalho se afirma como uma resposta inventiva e crítica ao que essa história ainda não foi capaz de nomear.

 

Exposições individuais incluem: How To Eat The Sun and The Moon, Goodman Gallery, Joanesburgo, África do Sul (2024); Balé Literal, MACBA Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, Barcelona, Espanha (2023); A viagem d_s que não foram, Luisa Strina, São Paulo, Brasil (2023); 6 Feet Over, Galeria Tanya Bonakdar, Los Angeles, EUA (2021); Réu Hell, Baile do Sarongue, Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, Brasil (2020); Balé Literal, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, Brasil (2020; I hope this finds you well, Galeria Tanya Bonakdar, Nova York, EUA (2019); Wrong Drawings, Goodman Gallery, Joanesburgo, África do Sul (2018); Alfaiataria, Pinacoteca do Estado, São Paulo (2018); Cavalo come Rei, Fundação Prada, Milão (2018); The Inverse, ICA Miami (2016).

 

Exposições coletivas de destaque: Boston Public Art Triennial, EUA (2025); Vai, vai, Saudade, Museo Madre, Nápoles, Itália (2024); Opened the Curtain to See What Lays Behind, Gebauer Gallery, Berlim, Alemanha (2024); Color is the First Revelation of the World, Orange County Museum of Art, Costa Mesa, EUA (2024); The Lives of Animals, Museum of Contemporary Art Antwerp, Antuérpia, Bélgica (2024); To Weave the Sky: Textile Abstractions from the Jorge M. Pérez Collection, El Espacio 23, Miami, EUA (2023); Witch Hunt, no Hammer Museum, Los Angeles, EUA  (2021); Bienal de Sharjah 14, Sharjah, Emirados Árabes Unidos (2019); Bienal de Busan (2018); Trienal de Aichi, Toyohashi (2016); Performa 15, Nova York (2015); 15 Rooms, Long Museum, Shanghai (2015).

 

Coleções das quais seu trabalho faz parte incluem: CACI Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brasil; MAM Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Bonniers Konsthall, Suécia; Migros Museum für Gegenwartskunst, Suíça, Pinacoteca do Estado de São Paulo.