Clarissa Tossin (Porto Alegre, Brasil, 1973) combina escultura, instalação, vídeo, performance, tapeçaria e processos colaborativos para abordar narrativas invisibilizadas no ambiente construído e nos fluxos globais de produção e circulação. Por meio de uma abordagem investigativa, seu trabalho examina a materialidade da cultura e os modos pelos quais trocas simbólicas e econômicas moldam identidades, territórios e imaginários — tanto no nível local quanto global.
Criada em Brasília, Tossin desenvolveu desde cedo um interesse pelas histórias implícitas na arquitetura e no urbanismo, sobretudo aquelas que silenciam violências coloniais ou projetam mitologias de progresso. Sua obra busca recontextualizar essas narrativas, ativando estratégias de escuta, deslocamento e descolonização que passam por sua própria experiência de migração. A artista propõe, assim, formas sensíveis de questionar estruturas dominantes e abrir espaço para subjetividades singulares, muitas vezes menosprezadas.
Nos últimos anos, Tossin tem se debruçado sobre os efeitos persistentes do colonialismo na cultura material. Sua pesquisa recente também se volta para o imaginário espacial contemporâneo, questionando os discursos de colonização extraplanetária diante do colapso ambiental na Terra. Nessas obras, investiga o entrelaçamento entre exploração espacial, tecnologia, ecologia e memória, utilizando imagens da NASA e materiais descartáveis, como caixas da Amazon, em tapeçarias produzidas em teares digitais. A operação une crítica geopolítica, ficção especulativa e práticas artesanais como formas de questionar os ciclos de extração e consumo que estruturam o mundo contemporâneo.
Suas exposições individuais recentes incluem Ponto Sem Retorno, Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil (2025); All That You Touch, You Change, Raclin Murphy Museum of Art, Univeristy of Notre Dame, EUA (2024); to take root among the stars, Frye Art Museum, Seattle, EUA; Mojo’q che b’ixan ri ixkanulab’ / Antes de que los volcanes canten / Before the Volcanoes Sing Museum of Contemporary Art, Denver, EUA; Falling From Earth, Museum of Contemporary Art, Denver, EUA; Vulneravelmente Humano, Luisa Strina, São Paulo, Brasil (2023); Circumnavigation towards exhaustion, Kunsthalle Mulhouse, França (2021); Future Fossil, Harvard Radcliffe Institute, EUA (2019); Encontro das Águas, Blanton Museum of Art, Austin, EUA (2018).
Em 2024 seu trabalho foi incluído na Whitney Biennial: Even Better Than the Real Thing, Whitney Museum of American Art, New York, EUA, e nas exposições Breath(e): Toward Climate and Social Justice, Hammer Museum, Los Angeles, EUA, e Prospect.6 Triennial: The Future is Present, The Harbinger is Home, New Orleans, EUA. Em 2023, na 14th Shanghai Biennale: Cosmos Cinema, Power Station of Art, Shanghai, China, e na 5th Chicago Architecture Biennial: This is a Rehearsal, Chicago Cultural Center, Chicago, EUA, e em 2021, em Born in Flames: Feminist Futures, Bronx Museum of the Arts, New York, EUA. Em 2018, participou de Pacha, Llaqta, Wasichay: Espaço Indígena, Arquitetura Moderna, Nova Arte no Whitney Museum of American Art (Nova York, 2018) e na 12ª Bienal de Gwangju (Gwangju, Coreia do Sul, 2018 ), entre outros. Em 2017, ela recebeu uma comissão da cidade de Los Angeles para a exposição Condemned To Be Modern, parte do Pacific Standard Time: LA / LA organizada pela Getty Foundation
Entre os prêmios e bolsas recebidos pela artistas, destacam-se: Bulgari Whitney Biennial American Academy in Rome Fellowship (2025), Smithsonian Fellowship - National Air and Space Museum (2023), Graham Foundation for Advanced Studies in the Fine Arts (2020), Andy Warhol Foundation via Experimental Media and Performing Arts Center (EMPAC), Foundation for Contemporary Arts Grant to Artists, Fellows of Contemporary Art Fellowship (2019) e Artadia Prêmio Los Angeles (2018); Radcliffe Institute for Advanced Study, Harvard University (2017-2018), entre outros.
Seu trabalho está nas coleções do Museu de Arte do Condado de Los Angeles (LACMA); Whitney Museum of American Art, Nova York; Hammer Museum, Los Angeles; Museus de arte de Harvard, Cambridge; Museu de Arte do Smith College, Northampton; Fundação de Arte Kadista, São Francisco; O Museu de Belas Artes de Houston; Museu de Arte de Nova Orleans; Casa Niemeyer - Universidade de Brasília