Se nos anos 1970 o negativo se expressa numa cartografia afetiva-espacial, agora com as séries À sombra do outro; É o que falta; Ausentes; Outros, objetos escultóricos de cimento moldado, trabalhos em processos, iniciados em 1993, o negativo é corpo da obra. Os títulos destas obras referem-se à existência do oposto, o positivo ausente, o que se separou do negativo. Eles formavam um só corpo em um dado momento do processo da execução da escultura moldada. Portanto esta obra incorpora o processo de trabalho: o molde, a matriz. Constroem-se estas obras matriciais dignificando o que é esquecido, a matriz destruída no processo de moldagem na hora que vem a luz, o positivo. Agora, o negativo é elevado a estatuto de obra de arte e com toda primazia. Estes trabalhos ocos, repetidos, também são uma aproximação ao culto cavernicolo, o culto do princípio feminino, um resíduo da obsessão aborígine da humanidade de refugiar-se em alguma gruta do ventre materno da terra – aquela que alimenta e que nos acolhe depois da morte. Afinal, podem-se fazer inúmeras analogias importantes entre o oco da matriz do molde e a greta da terra, enquanto geradoras. De toda forma, o princípio destas para o devaneio das metáforas é o mesmo: a argila – a terra. Anna Maria Maiolino, 1996