A prática artística de Juliana dos Santos investiga as relações entre cor, tempo e espaço. Sua produção se caracteriza por instalações imersivas e pelo uso de pigmentos naturais, aquarela, tecidos e elementos orgânicos — em especial a flor Clitoria ternatea, com a qual a artista mantém, como ela mesma descreve, um processo colaborativo contínuo.
O azul extraído dessa flor é trabalhado como matéria sensorial, simbólica e política, em obras cuja construção pictórica se desdobra em ações performativas. Juliana adota formas não convencionais de composição, acionadas pelo sopro, pela mancha, pelo chiado e pelas rajadas provocadas pela própria flor.
Nesse processo, os limites entre abstração e figuração tornam-se porosos, dissolvendo fronteiras entre pintura, gravura, instalação e performance. Paralelamente, a oxidação natural da flor introduz uma dimensão temporal à obra, evidenciando a impossibilidade de fixar algo em estado permanente.
Doutora em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Juliana dos Santos apresenta atualmente a individual Temporã na Pinacoteca de São Paulo e integra a 36ª Bienal de São Paulo. Participou do Programa Público de Residência Artística no Sertão Negro, realizado pela 35ª Bienal de São Paulo (2023). Em 2018, como artista residente, lecionou no Departamento de Pintura Contextual da Academia de Belas Artes de Viena, Áustria.
Entre suas exposições individuais, estão: Como terminar uma tese: o tempo da cor, GDA (São Paulo, 2024); Quando a cor chega no azul, CCSP (São Paulo, 2021); e Entre o azul e o que não me deixo/deixam esquecer, Temporada de Projetos Paço das Artes, MIS-SP (São Paulo, 2019). Entre as mostras coletivas, destacam-se: Fartura, Luisa Strina (São Paulo, 2025); What is not inherited (em colaboração com Dan Lie), Kunstverein Braunschweig (Braunschweig Alemanha, 2023); Dos Brasis: arte e pensamento negro, Sesc Belenzinho (São Paulo, 2023); Projeto Vitrine (em colaboração com Sonia Gomes), Pivô (São Paulo, 2022); 3ª Frestas – Trienal de Artes (Sorocaba, 2021); Enciclopédia Negra, Pinacoteca de São Paulo (2021); 12ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2020). Suas obras integram os acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Museu da Língua Portuguesa e do Centro Cultural São Paulo.
